terça-feira, 5 de agosto de 2014

PARÁ 2014: CAMPANHA UDENISTA OU DE PROGRAMAS?

A União Democrática Nacional fazia campanhas presidenciais e estaduais com um discurso fortemente moralista, pois esta tática de campanha eleitoral era percebida como a maneira mais eficaz de enfraquecer os  partidos “populistas” PTB e PSD, ligados ao presidente Getúlio Vargas.
Na década de 1950 o bloco varguista acumulava enorme ativo político perante a população urbana, notadamente a classe operária. A UDN só poderia fazer frente aos adversários através de denúncias bombásticas de corrupção.  A UDN era um partido assumidamente ultra liberal  direitista e lutou, sem sucesso pela conquista da presidência durante toda a República de 1946.
No Pará, o ativo acumulado pelo grupo do governador Magalhães Barata projetava uma hegemonia duradoura na política paraense.  Aqui em nosso estado, Barata militava no Partido Social Democrático-PSD e tinha contra sí um enorme leque de partido que lhes faziam oposição que juntava da UDN até partidos e ativistas de esquerda.
Tanto em nosso país como no Pará Vargas, Barata e seus partidários dominaram a  cena política até suas mortes, os direitistas da UDN chegaram subjugados ao governo em aliança com os generais de 1964. A UDN seria o embrião do PDS-PFL , que hoje são os Democratas-DEM.
Em 2014 no Pará, o PMDB, ausente do comando do governo estado desde 1994 entra na disputa estadual  com reais possibilidades de travar uma disputa equilibrada,  e com chances objetivas de vitória. O PSDB, apesar de estar com a máquina administrativa e política do governo está fragilizado por dois motivos centrais:  estar ocupando o poder desde 1994, com um intervalo entre 2007 e 2010, e caso vença as eleições de 2014, chegará até 2018  a 20 anos de governo no espaço de 24 anos, e isto aguça psicologicamente o eleitorado para a ideia genérica de mudança e o segundo motivo da fragilidade tucana no Pará é o fato  do governo Jatene, entre 2011-2014 não ter enfrentado com sucesso a agenda pública materializada nas reivindicações por assistência à saúde, segurança e saneamento básico. Na capital, soma-se a “grita” por mobilidade urbana.
Em todas as sondagens eleitorais, públicas ou informais, parece clara que a avaliação positiva do  governo Jatene não ultrapassa os 30%, o que coloca claramente o sinal de alerta nos hostes tucanos. O principal candidato oposicionista, o pemedebista Helder Barbalho  vem surfando nos desacertos que foram cometidos no ninho tucano nos últimos seis meses  e no desejo genérico do eleitorado por mudança.
Eu diria neste momento que o candidato oposicionista já acumula vitórias parciais nesta campanha iniciante materializada no fato de nunca ter disputado um cargo majoritário e estar, neste momento, disputando em pé de igualdade com um governador incumbente  as intenções de votos na população paraense.
No entorno de Jatene e Helder, que devem protagonizar uma disputa equilibrada até o dia da eleição, os grupos e partidos se organizam.  Os tucanos fragilizados pelos longos anos no poder político no Pará atacarão no ponto mais fraco de Helder Barbalho, que são as denúncias renovadas que o grupo governista e seus aliados na grande imprensa  perpetram contra a passagem do senador Jáder Barbalho pelo governo do Pará.
Parece que os tucanos, em sua busca para despotencializar o candidato oposicionista deverão demonizar a candidatura Helder com uma campanha no velho modelo udenista, onde o apelo moralista e o combate a corrupção deverão dominar a estratégia tucano nos meios de comunicação e nas redes sociais.  Como o PMDB e seus aliados buscarão escancarar denúncias contra Jatene e seu governo, poderemos esperar uma campanha onde o confronto moralista e denuncista deverão ocupar mais tempo do que os debates programáticos.
Não advogo uma campanha  eleitoral livre de polêmicas, denúncias e debates acalorados. Acredito sim que a campanha eleitoral é o momento de mostrar propostas e diferenças entre os candidatos, inclusive no ponto de vista moral. Mas o exagero, seja no denuncismo, seja no apoliticismo são prejudiciais ao debate democrático. Mas eu acredito piamente que  assistiremos nas eleições de 2014  uma campanha baseada no moralismo, no denuncismo e na despolitização.  Creio que o eleitorado ficará decepcionado com o estilo de campanha que se aproxima para o governo do Pará.
Na luta política eleitoral sempre assistiremos a situação maximizando seus acertos e minimizando seus erros e a oposição maximizando os erros do governo e minimizando os acertos: assim funciona a democracia. Cabe aos partidos em disputa municiarem o eleitor com o máximo de informação possível, sem dúvida nenhuma quem melhor convencer  a maioria do eleitorado receberá a maioria dos votos.
Tenho dito.
Do Bilhetim

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