O juiz eleitoral Agnaldo Wellington Souza Corrêa proibiu, em decisão liminar, o candidato da coligação “Todos pelo Pará”, Helder Barbalho, de realizar propaganda política em templo religioso. A representação contra Helder foi proposta pelo Ministério Público Eleitoral, que apresentou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) gravações que mostram o candidato peemedebista fazendo campanha dentro do templo Catedral da Família, da Igreja do Evangelho Quadrangular, situado no Guamá. Caso descumpra a ordem judicial, Barbalho pagará multa de R$ 50 mil.
Denúncias anteriores feitas ao MPE comprovam a propaganda irregular nos cultos realizados na Catedral da Família. Mas, para melhor apuração dos fatos, um servidor da Procuradoria Regional Eleitoral no Pará esteve na igreja, no último dia 24 de agosto, às 18 horas, ocasião em que presenciou atos de propaganda eleitoral em favor de Helder Barbalho, proferidos pelo líder do templo, o pastor Lourival Matos Pereira. Ele também convocou o candidato a fazer pronunciamento no púlpito da igreja, o que, na visão do magistrado Agnaldo Corrêa, comprovou clara promoção pessoal de Helder Barbalho, confirmando a realização de propaganda política irregular.
O Ministério Público Eleitoral, por meio do procurador eleitoral Bruno Araújo Soares Valente, ainda destacou que os cultos da Catedral da Família possuem transmissão ao vivo pela internet, o que aumenta, de forma exponencial, a potencialidade lesiva da conduta. Segundo o MPE, as denúncias da propaganda eleitoral irregular foram feitas por vários membros e fiéis da própria igreja.
Trechos da gravação mostram o pastor Lourival Pereira pronunciando as seguintes palavras para se referir a Helder Barbalho: “Então fiz questão de te convidar para vir aqui. Eu quero te fazer uma pergunta. Sei que é difícil de resumir esta pergunta, mas se esforce para ser bastante claro, e sei que você é: para quê que você quer ser Governador deste Estado?”, indagou o líder religioso, durante o culto.
DISCURSO
Com o microfone nas mãos, o candidato peemedebista proferiu o seguinte discurso. “Boa noite. Satisfação poder estar aqui na Catedral da Família. Queria te agradecer, Lourival, a oportunidade de estar conversando com vocês... Criamos o ‘Movimento Queremos Ouvir o Pará’ e eu percorri este Estado todo. Inclusive, conversava com minha esposa, Daniela, que está aqui. Nós temos dois filhos, um filho de 6 anos e outro de 3 anos. E este de 3, no último 1 ano, 1 ano e 3 meses, praticamente me viu muito pouco, porque eu saí percorrendo este Estado e de uma forma diferente, dizendo para as pessoas: olha, eu não quero falar, eu quero ouvir. Quero ouvir o que vocês pensam, desejam”, disse.
Nos instantes finais do discurso, fica claro o intuito do candidato de pedir voto aos fiéis. “Portanto, eu quero governar o Pará, para poder ter a capacidade de melhorar a vida das pessoas, mas eu só conseguirei isso se nós estivermos juntos. Que não seja uma ação feita apenas por uma pessoa, mas sim por um conjunto de pessoas que possam, no seu papel, no seu lugar, na sua função, possam fazer um Estado melhor, um Estado que traga eficiência no serviço público, qualidade de vida para a nossa população”, discursou Helder Barbalho.
A decisão do magistrado Agnaldo Corrêa também proíbe os candidatos a deputado federal e estadual Josué Bengtson e Martinho Carmona, respectivamente, de fazer propaganda eleitoral de suas candidaturas em templos religiosos. As condutas caracterizam propaganda irregular por violação do artigo 37, parágrafo § 4º, da Lei nº 9.504/97, que veda propaganda eleitoral em templo religioso.
ORMNEWS
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