BLOG FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI. ENTREVISTA: Professor Israel Fonseca Araújo, membro do Sintepp em Igarapé-Miri; membro da Coordenação Regional do Sintepp – Regional Tocantins I. Professor e Mestrando em Letras (UFPA)
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – O senhor trabalha na Educação, há quantos anos? Nesses anos todos, quais as principais mudanças que o senhor viu acontecer nessa área?
Professor Israel Araújo – Eu já atuo na educação pública há 17 anos, desde 1997. Esses anos me trouxeram uma experiência de vida significativa; aprendi muito nos cursos das universidades, mas, principalmente, aprendi com meus companheiros e companheiras de trabalho e de lutas sociais. A Vida é a maior de todas as universidades públicas. As principais mudanças que eu vi foram a entrada em vigor da LDB/1996, a lei maior da Educação brasileira, e as melhorias na estrutura da educação brasileira (com destaque para os anos 2003 em diante), com destaque para: a expansão da oferta de vagas nas escolas (anos 1990 em diante), crescimento incontestável da educação superior (também de 2003, em diante, na chamada era “pós-Lula”), relativa melhoria da renda dos trabalhadores/as do Magistério, na Educação Básica, e melhorias salariais,estruturais e ingresso de educadores/as via concurso na rede pública de ensino de Igarapé-Miri.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – Neste dia primeiro de maio (assim como em todos os anos) há grandes festas pelo território municipal, alusivas ao Dia do Trabalhador. O trabalhador da Educação miriense tem muito o que comemorar?
Professor Israel Araújo – As festas “dos trabalhadores” são muito válidas; precisamos, mesmo, nos confraternizar nesse dia, já que fazemos o mundo do trabalho existir. Sem trabalhadores e trabalhadoras o mundo para. Nossos trabalhadores/as mirienses têm, sim, o que comemorar – como já dito na resposta anterior. O PCCR do Magistério (2010), o PCCS (2006), os concursos públicos de 2006 e 2009, reajustes salariais (principalmente a chamada incorporação de vencimentos, de janeiro de 2012) e melhorias na estrutura da rede, desde à primeira gestão de Mário Leão (anos 1997ss) e com destaque para o trabalho do ex-prefeito Roberto Pina (2009-2012). São conquistas que jamais existiriam semas lutas e a união dos trabalhadores/as de nossa Educação: principalmente oPCCR do Magistério (2010), o PCCS (2006) e os concursos públicos de 2006 e2009. Isso prova que, na união, somos muito mais fortes.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – Como está a luta sindical, liderada pelo Sintepp,em Igarapé-Miri e quais são, na sua opinião, as principais conquistas desse esforço que começa ainda nos anos 1980?
Professor Israel Araújo – A luta está bem organizada e vivenciada, mas sentimos uma maior ausência de trabalhadores/as nas lutas (em relação aos anos 1980, 1990), nestes anos 2009 e seguintes. Eu, de minha parte, credito esse maior “comodismo” a alguns fatores: a) muitos sindicalizados passaram a ter uma renda relativamente depois de 2009, com a conquista das chamadas duzentas horas mensais; houve reajustes nesses anos e as conquistas foram maiores do que em anos anteriores; o número de concursados cresceu muito depois de 2006 e, parece uma ironia, mas os pagamentos em dia, desde 2009 até os dias atuais “prejudicam” a luta sindical. Às vezes, achamos que, se o salário tá melhor e os pagamentos em dia, já dá para “descansar” um pouco.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – Quais são as suas principais expectativas de conquistas para a Educação, nos anos vindouros – seja a nível nacional, seja a nível local?
Professor Israel Araújo – Eu creio muito nos resultados do trabalho de deputados federais e senadores, pois eles podem aprovar o próximo PNE – Plano Nacional de Educação, de duração decenal, instrumento que deve ajudar na condução da política educacional ao estabelecer metas e propor avanços para a educação nacional; esses parlamentares também podem destinar mais recursos públicos para a educação. No plano estadual tivemos um retrocesso nestes últimos anos, com a não-realização de concursos públicos, não-cumprimento da Hora-Atividade (é lei nacional, mas o governo do estado se mantém omisso nessa responsabilidade) e descumprimento de acordos firmados com trabalhadores/as da educação em greve, desde 2011. Espero por mudanças nesse cenário, pois os retrocessos são visíveis. Quanto a Igarapé-Miri, acredito que seja possível estabelecer um diálogo mais produtivo entre sindicalistas (que são os legítimos defensores da educação pública) e governistas (que são gestores, homens que executam ações que impactam a vida dos trabalhadores/as e do alunado). A implementação do Plano Municipal de Educação, do Conselho Municipal de Educação (ponto histórico de luta sindical), do Sistema de Ensino de Igarapé-Miri, do PCCR (Plano de Carreira) para os servidores/as do Apoio escolar e a realização de Eleições Diretas para diretores de escolas públicas com mais de 300 alunos matriculados(as) são pontos fundamentais a serem alcançados, se nosso objetivo maior for melhorar a estrutura e obter melhores resultados para a vida escolar de nossas crianças e jovens. Caso consigamos somos esforços, deixando as “diferenças” de lado, ótimos resultados deverão surgir.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – Quais são seus maiores “medos”, caso eles existam, em relação à luta dos trabalhadores e trabalhadoras em Educação de Igarapé-Miri?
Professor Israel Araújo – O maior “medo” é o de não conseguirmos renovar as nossas esperanças para que seja possível uma reunião de esforços: os sindicalistas e demais trabalhadores/as da Educação pública dedicando-se ainda mais na busca de conquistas relevantes e duradouras; os gestores públicos atuando de maneira LEGAL, MORAL e IMPESSOAL na condução da política pública educacional, na aplicação dos recursos públicos; os vereadores/as (que têm como principais atribuições a fiscalização da aplicação de recursos públicos,feita pelo executivo, e a defesa dos interesses dos cidadãos, da coletividade –pois são representantes do povo) defendendo a sociedade e a educação públicacomo um todo; e a sociedade civil (principalmente: ONGs, associações demoradores, pais e alunos) unindo-se aos educadores em suas lutas por umaeducação de melhor qualidade.Acima de tudo fica uma “dica”: a Esperança tem de vencer o medo, sempre. Nãotemos outra escolha plausível.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – O que os gestores municipais precisam fazer para que os profissionais da educação se sintam mais valorizados?
Professor Israel Araújo – Eu acredito na carreira, ou seja, as condições de trabalho precisam ser melhoradas ainda mais (só trocar quadro de giz por quadro magnético ajuda muito pouco), pois com melhores condições de trabalho nas escolas os docentes terão mais motivação para trabalhar. E o que é mais grave:os educadores/as terão mais motivação para continuar trabalhando na Educação Básica e na escola pública. Esses gestores precisam tratar os educadores com extremo respeito, mesmo porque a força dos educadores, nas salas de aula, é impossível de ser medida. É preciso melhorar mais ainda a renda dos trabalhadores e oferecer programas de assistência à saúde desses trabalhadores/as. Acreditem: os trabalhadores e as trabalhadoras da Educação pública estão adoecendo aos montes, principalmente por culpa das más condições de trabalho e da sobrecarga de trabalho.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – O que os gestores municipais precisam fazer para que os profissionais da educação se sintam mais valorizados?
Professor Israel Araújo – Eu acredito na carreira, ou seja, as condições de trabalho precisam ser melhoradas ainda mais (só trocar quadro de giz por quadro magnético ajuda muito pouco), pois com melhores condições de trabalho nas escolas os docentes terão mais motivação para trabalhar. E o que é mais grave:os educadores/as terão mais motivação para continuar trabalhando na Educação Básica e na escola pública. Esses gestores precisam tratar os educadores com extremo respeito, mesmo porque a força dos educadores, nas salas de aula, é impossível de ser medida. É preciso melhorar mais ainda a renda dos trabalhadores e oferecer programas de assistência à saúde desses trabalhadores/as. Acreditem: os trabalhadores e as trabalhadoras da Educação pública estão adoecendo aos montes, principalmente por culpa das más condições de trabalho e da sobrecarga de trabalho.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – E que ações efetivas esse gestores precisam realizar para que a Educação Municipal possa se desenvolver plenamente?
Professor Israel Araújo – Realizar mais concursos públicos para que ostrabalhadores/as sejam efetivados e se sintam mais encorajados a defender seusdireitos. Realizar lotação de acordo com as necessidades reais da educaçãomunicipal, baseada em critérios técnicos instituídos por Portaria de Lotação –atualizada a cada início de ano. Atualizar o PCCR do Magistério (lei de 2010) ecriar o PCCR para os servidores de apoio. Acabar com as indicações “políticas” para preencher cargos de diretor(a) de escola, já que essas indicações sãobaseadas em critérios os mais impensáveis possíveis. Acima de tudo, tirar das gavetas dos governantes as Propostas do Povo deIgarapé-Miri, colhidas em conferências de Educação, e transformar asnecessidades de nossa Educação em Plano de Educação: uma política pública queindependerá das “paixões” de quem está governando com a força das canetasmais versáteis que se possa imaginar.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – O que você acha do atual índice do município, que tem uma média de 3.7 no IDEB? E o que necessário se fazer para aumentar esta média?
Professor Israel Araújo – É um índice muito baixo, que talvez revele um princípio de caos em nossa Educação (e aí seria preciso investigar as causas desse insucesso). Porém é preciso lembrar que esse índice é um número, uma medição – e números nem sempre traduzem as realidades. Números podem mascarar realidades. Tendo em vista que a grande maioria dos docentes de nossa rede de ensino tem nível superior completo, muitos(as) com inúmeras formações continuadas realizadas e em curso, tantos com Especializações cursadas,docentes cursando e/ou com Mestrados acadêmicos já concluídos, fica um pouco difícil aceitar que estejamos regredindo nessa matéria. Acredito que a solução pra essa questão está nas medidas que foram listadas desta entrevista. Mas acrescento que, sem trabalho coletivo, nada de bom e duradouro é conseguido na área educação. Ninguém se educa sozinho, nem jamais um galo, sozinho, tecerá uma manhã.
Professor Israel Araújo – Realizar mais concursos públicos para que ostrabalhadores/as sejam efetivados e se sintam mais encorajados a defender seusdireitos. Realizar lotação de acordo com as necessidades reais da educaçãomunicipal, baseada em critérios técnicos instituídos por Portaria de Lotação –atualizada a cada início de ano. Atualizar o PCCR do Magistério (lei de 2010) ecriar o PCCR para os servidores de apoio. Acabar com as indicações “políticas” para preencher cargos de diretor(a) de escola, já que essas indicações sãobaseadas em critérios os mais impensáveis possíveis. Acima de tudo, tirar das gavetas dos governantes as Propostas do Povo deIgarapé-Miri, colhidas em conferências de Educação, e transformar asnecessidades de nossa Educação em Plano de Educação: uma política pública queindependerá das “paixões” de quem está governando com a força das canetasmais versáteis que se possa imaginar.
FOLHA DE IGARAPÉ-MIRI – O que você acha do atual índice do município, que tem uma média de 3.7 no IDEB? E o que necessário se fazer para aumentar esta média?
Professor Israel Araújo – É um índice muito baixo, que talvez revele um princípio de caos em nossa Educação (e aí seria preciso investigar as causas desse insucesso). Porém é preciso lembrar que esse índice é um número, uma medição – e números nem sempre traduzem as realidades. Números podem mascarar realidades. Tendo em vista que a grande maioria dos docentes de nossa rede de ensino tem nível superior completo, muitos(as) com inúmeras formações continuadas realizadas e em curso, tantos com Especializações cursadas,docentes cursando e/ou com Mestrados acadêmicos já concluídos, fica um pouco difícil aceitar que estejamos regredindo nessa matéria. Acredito que a solução pra essa questão está nas medidas que foram listadas desta entrevista. Mas acrescento que, sem trabalho coletivo, nada de bom e duradouro é conseguido na área educação. Ninguém se educa sozinho, nem jamais um galo, sozinho, tecerá uma manhã.
___________________Entrevista concedida via e-mail e publicada com a autorização do entrevistado. Contatos: Israel Fonseca Araújo – poemeiro@hotmail.com; Facebook IsraelAraújo.
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