A reunião chamada de AUDIÊNCIA PÚBLICA terminou de forma desagradável
para os que foram até a Barraca de Sant’Ana durante a manhã de hoje.
O Secretário de Segurança Pública não compareceu, mas mandou
representantes. Vários discursos e o fato principal foi a entrega de
ofícios com requerimento de providências na área da Segurança Pública.
O Padre Juscelino, representando um grupo de lideranças da sociedade
que tem feito reuniões sobre o tema, relatou para as autoridades as
propostas da comunidade Miriense e entregou requerimento com pauta de
reivindicações.
O prefeito Pé de Boto também
compareceu, mas nada requereu por escrito naquele momento perante o
Secretário Adjunto de Segurança (Coronel Solano), preferindo intervir
durante a fala dos que discursam e de forma incisiva.
O vereador Josias Belo discursou e entregou pauta de reivindicações
previamente debatida e elaborada com outros vereadores. Lembrou aos
presentes que também sofreu violência no Município quando teria sido
agredido com tapas pelo Prefeito Pé de Boto, pedindo providências sobre o
caso para as autoridades presentes.
Pé de Boto tomou o microfone de forma inesperada e passou a agredir
verbalmente o vereador Josias Belo, sem responder sobre a acusação de
agressão que teria ocorrido em 2013 na Vila de Maiuatá.
Preferiu dizer que o vereador teria trocado a esposa pela empregada…e seguiu desfiando vocabulário impublicável para este blog.
O fato deixou os presentes sem ação !
Atônitos com a situação, a reunião logo foi encerrada sob vais, aplausos e risos.
Uma reunião para tratar de um tema tão sério e importante para o
Município não poderia terminar com mais VIOLÊNCIA. Seja ela verbal ou
física.
E será que “empregada” também pode ser discriminada ? Ou mulher de negra, pobre, de qualquer classe ou categoria social ?
Divórcio, separação e religião são temas delicados e que certamente
não deveriam permear o debate político sobre SEGURANÇA PÚBLICA.
Imagine se os que estavam na Mesa da Audiência Pública tivessem separado da esposa ou sejam divorciados ?
Ou algum dos presentes não teriam como esposa uma empregada doméstica ou alguma não estaria também no local ?
Será que a ofensa também a eles ou elas foi dirigida ?
Será que em Igarapé-Miri não temos separados, divorciados ou pessoas
que casaram ou se juntaram com quem era “empregada doméstica” ?
Talvez o Prefeito nem tenha se dado conta de que atingiu muito mais
do que o vereador. Atingiu toda a sociedade e uma classe social que
merece respeito.
Nenhum político é eleito por ser divorciado, separado, convivente ou
amante. Se fosse assim, talvez sobrassem poucos, pois a Lei da Ficha
Limpa já deixou outros tantos de fora.
Os políticos são eleitos para
desenvolver atribuições previstas em LEI e juram cumprir as mesmas
desde o momento da posse. Na campanha prometem tudo o que está escrito e
muito mais.
É isso que a sociedade tem que cobrar dos políticos. Que cumpram suas atribuições legais e constitucionais !!!
O Prefeito até hoje não explicou se agrediu ou não o vereador. Disse
em sua ocorrência policial, feita por terceiro, que teria sido vítima de
tentativa de extorsão. Esses fatos ainda estão sob apuração da policia e
da Justiça e certamente que podem demorar muito até que se tenha uma
sentença ou condenação definitiva.
Mas um outro fato também chamou a atenção dos presentes.
No final o Prefeito disse que iria “mandar cassar o vereador”.
Será que o prefeito realmente tem esse poder ? Será que ele manda a tal ponto na Câmara Municipal e nos vereadores ?
Estranha a afirmação. Talvez tenha sido proferida num momento do calor de seu discurso.
Mas para a sociedade passou a imagem de que ele MANDA NOS VEREADORES E NO PARLAMENTO.
Isso é inadmissível, pois um dos pilares do Regime Democrático,
estampado na Constituição Federal, é de que o EXECUTIVO, LEGISLATIVO E
JUDICIÁRIO são independentes.
E outros vereadores também estavam no local. O que será que eles pensam disso ? Será que vão responder a essa afirmação ?
E as autoridades públicas que foram até a audiência pública. O que levarão de lembrança desse momento ?
Os padres, pastores e membros da sociedade, que deixaram suas casas
durante uma manhã de inverno para buscarem soluções para o problema mais
grave do Município de Igarapé-Miri. Como eles dormirão nesta noite ?
Será que todos estarão agora convencidos de que participaram de um
momento importante para a vida em nossa sociedade ? Será que irão
levantar a mão e se fazerem presentes em uma próxima “audiência
pública”.
São questionamentos que cabe a cada um dos que lá estavam presentes responder. E aos demais refletir !!!
Na manhã próxima sexta-feira tem AUDIÊNCIA PÚBLICA para todo o Estado
do Pará, promovida com a união do Ministério Público Federal e
Estadual. A pauta é a mesma e será no auditório do MP em Belém.
Tomara que de lá venham esperanças de dias melhores…
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